A trama do livro é tênue, o que faz dele "um romance sem romance". Um eu, declinado no feminino, escreve a um tu, no masculino, expondo suas ânsias e procuras, num discurso de fluidez ininterrupta entre o delírio, a confissão e a sedução: "Para te escrever eu antes me perfumo toda. Eu te conheço todo por te viver toda." O eu e o tu de Água viva ganham dimensões permutáveis de significação, integrando-se com o não humano: a natureza, as palavras, os animais, a "coisa" ou o "it". A linguagem se espessa numa densa selva de palavras e a obra descortina voraz processo de correspondências que interconectam vida, paixão e violência.