Comemoro com muita alegria a publicação deste livro que apresenta a singularidade dos percursos do grupo de pesquisa PEABIRU: educação ameríndia e interculturalidade. Uma alegria participar de sua gestação, ora mais envolvida, ora mais distanciada, mas sempre presente nas entrelinhas de um projeto formativo de pesquisa em Educação. Uma imensa alegria acompanhar a vivacidade de graduandos e pós-graduandos em Educação e em Psicologia ao interrogarem nas suas escritas as infâncias, as ações interculturais com os indígenas, a escrita colaborativa e a invisibilidade da dimensão sensível na pesquisa educacional. São escritas corporificadas pelo compasso de um pensamento que quer respirar no irrespirável dos dias que nos cabem viver, aquele que sempre faz emergir o tempo como vida compartilhada, como produção de existência a ser empreendida de modo compartilhado, como ação conjunta no tempo. Muitos foram os caminhos para chegar até aqui, muitas foram as conversas, os estudos, as pausas que permitiram tecer o tempo de feitura deste livro e nele poder enunciar palavras que firmam não só ideias e escritas colaborativas, mas fundamentalmente outra concepção formativa de pesquisa em Educação. Outra concepção que, tão audaciosa quanto corajosa, emerge na contramão de tudo o que aí está posto como “inovação” em educação porque emerge da escuta à herança radical da palavra indígena. Uma partilha de vozes, de gestos, de silêncios prenhes de sentidos que nos situam sendo-uns-com-os-outros na coexis- tência mundana. Uma escuta que nos coloca diante da desaceleração do tempo como sensibilização aos detalhes, como atenção estésica para as qualidades da vida e seus mistérios.