O cuidadoso estudo que neste momento tens em mãos situa-nos no miolo de questionamentos caros ao debate público e acadêmico atual sobre algumas das transformações do nosso tempo. Como o leitor há de notar, este livro é o produto de uma detalhada pesquisa de campo sustentada na criativa formação de uma abordagem teórica do problema. Ao tratar das redes de inovação constituídas no processo de produção social de automóveis elétricos, o autor elabora uma argumentação que se posiciona na interface entre diferentes tópicos, destacando-se: a) as novidades no mercado automotivo surgidas em face do desafio ecológico; b) o problema da cooperação entre atores econômicos em seus diferentes contextos; e, c) os espaços de construção pelos atores dos seus mundos sociais vis-à-vis a força de instituições econômicas e sociais consagradas e de estruturas de poder preexistentes. A introdução de autoveículos com propulsão elétrica implica a afirmação de uma novidade no mercado com vistas a responder a “tensões” suscitadas pelos novos atores ambientais, pelos impasses na mobilidade urbana e pelas demandas em saúde pública. Ao escrutinar minuciosamente experimentos de uso dessa novidade no país, o estudo mostra, concretamente, o caráter processual da inovação.