A BNCC no Rio Grande do Sul - Pesquisa com Escolas

Este livro problematiza tanto as avaliações em larga escala quanto as avaliações que se processam no interior das escolas. Mostra onde a governamentalidade neoliberal expõe suas faces mais contemporâneas, entre elas, a fascista, em que uma biopolítica perversa é colocada em ação, reduzindo a complexidade do social ao individual, isto é, responsabilizando o indivíduo por seu insucesso econômico. Os currículos escolares mobilizam uma cultura empreendedora que, segundo a BNCC, põe nas mãos de cada estudante ferramentas empreendedoras e que só dependerá de sua atitude para criar uma vida economicamente bem-sucedida. Cada estudante teve oportunidade de estudar Educação Financeira no currículo escolar e conseguiu letramento financeiro por meio da escola, então, o fracasso ou sucesso é de sua responsabilidade. Muitas regiões do Rio Grande do Sul estão representadas e apresentadas neste livro, como é o caso de Frederico Wetsphalen, Canoas, Novo Hamburgo, Dois Irmãos, Porto Alegre, Montenegro, Cruz Alta e Bagé. Também as redes municipais e estaduais participaram da pesquisa e tiveram espaço nas análises de práticas desenvolvidas a partir da implementação da BNCC em suas escolas. Com esta produção, não encerramos as discussões e problematizações sobre a BNCC, mas nosso pacto de amizade com Clarice nos mobiliza a contar com cada um(a) que está lendo este livro, para dinamizar trabalhos coletivos com seus colegas, reunir professores de escola e encontrar formas de trabalho e pesquisa com a escola. Alimentados pelo sentimento de amizade, que foi um princípio de vida para Clarice, levamos adiante o processo da crítica radical, profunda, que não nos deixa tomar as letras normativas da BNCC como um mandamento, mas como um texto que exige de nós um constante e sistemático trabalho de “releitura” ou de “tradução”.